Check-in

Fiquei indignada quando vi essa foto. Trata-se de uma material para divulgação de uma música recém lançada. Quis logo assistir ao clipe, conheci a letra da música e sem dúvidas será mais um sucesso.
Porém as cenas do clipe são desnecessárias, apelativas, um retrocesso além de uma agressão aos pacientes psiquiátricos e seus famíliares.
Se fosse para tratar do assunto, do que os pacientes sofriam durante o período asilar seria excelente. Seria maravilhoso ter artistas como o Luan Santana desmistificando a questão da doença  mental.
Vejo como uma agressão quando reforçam o estereótipo das profissionais de enfermagem (cuidadoras) que são apresentadas como 'aproveitadoras' dos pacientes com seu uniforme minúsculo.
A letra da música em momento algum faz menção a loucura, mas o clipe mostra o cantor no personagem de um interno de um hospício vestindo uma camisa de forças em uma solitária . Em uma cena de abuso, seus cabelos são cortados.
Definitivamente não gostei. Acho que existem outras formas de chamar a atenção.
Infelizmente esse é um retrato da sociedade em que vivemos. Por diversas vezes, presenciei pessoas rindo de pacientes psiquiátricos e suas estereotipias como se eles fossem 'bobos da corte', um motivo de chacota para muitos. Chamados de Rivotril, Gadernal entre outros apelidos infelizes.
Será que serei a única a manifestar-se contrária?
Defendo a ideia de que há muita sensatez no que chamamos de loucura, há muita loucura no que entendemos por lucidez e só quem experenciou ou vive entre as duas pode entender.
Mas uma vez, sou muitíssimo grata por ter trabalhado com pessoas portadoras de sofrimento mental. Eles foram meus professores para que eu pudesse ser hoje uma mulher e profissional mais humana.
Ana Helena A. de Souza
Psicóloga e Coach
CRP 05/39678.

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